Vick
Ainda preciso de tempo para criar algumas certezas... Poucas. Fáceis. Poucas fáceis certezas ou certezas pouco fáceis? Mesmo que falsas ou apenas ilusórias, ainda assim me restaria a doce sensação (leia-se: ilusão) de algo atenuar minhas dúvidas. E toda a corrosão que elas causam.
A expectativa e a esperança são sentimentos nutridos extremamente cruéis... Elas dão algum chão, por pouco tempo, em troca de muita dedicação, muita energia, muito tempo...
A um pai resta esperar que, ao final do dia, o filho apenas chegue bem... Uma mãe implora para que cada momento se deixe levar pelo sutil toque do vento... Eles esperam o filho. Esperam. E só. O que se passa pela cabeça deles é ilusão. É expectativa. A praga esperançosa que surge é para forçar o pensamento.
No fim é sempre medo.
De perder, de ganhar, de ouvir, de falar, de querer, de recusar, de ficar, de ir, de começar, de terminar, de pedir, de negar, de conquistar, de mudar... Muitos medos têm se sobressaído à minha aura, ao meu pensamento, que, por sinal, se voltou para eles...

Estou, no mínimo, confusa.

É bom imaginar, idealizar, desejar, gostar, sorrir, chorar, pensar, ver o pôr-do-sol querendo apenas vê-lo e acabar por descobrir que o mundo tem camadas tão sutis, desenhos tão bonitos, palavras tão rosadas que, às vezes, nada mais pode importar. É a sintonia de tudo que torna o nada algo, por horas, bem maior. Um momento e um pedaço de nada, pelo nada e por nada podem valer muito mais que os momentos mais grandiosos e bem arquitetados pelos quais podemos passar. É a frase despretensiosa bem dita, é o brilho momentâneo do olhar, é o sorriso de canto de boca... São os detalhes... Sempre são os detalhes que tecem a beleza do primeiro segundo. Os outros são pilhas de conseqüências que, postas como uma fileira de peças de dominó erguidas, ao levar um sopro mais engajado, começam a cair e formar figuras. A velocidade, o desenho, a (des)organização, a beleza de todo esse caos depende do sopro. Lábios e sopro. Sem toques. Apenas tênues gestos. Talvez algumas boas e, fixe-se, poucas palavras...

E ainda assim, de novo e sempre, há o que se temer. Ao menos para mim, há. Não sei bem o que é... Ou como quantificar... Acredito que há, ao menos, alguma força me puxando para baixo... Gravidade, que seja, atuando contra mim...(?)
E reconhecendo, por agora, a força de apenas um dos medos que citei... Acho que minhas restrições têm fomentado, em algum lugar aqui dentro, o medo da minha vontade... Medo do que quero, do que posso querer, do que ainda quero, do que já deixei de querer, do que imaginava ter deixado de querer... Não sei mais onde é realidade e onde é ilusão. Tem algum espelho embaçado que está reproduzindo reflexos e reflexões equivocados. Socorro?

Não sei mais onde limpar.

Talvez eu siga aquele pequeno passarinho verde que vi por aqui voar há pouco...
Talvez eu siga aquele unicórnio rosa que há tanto tempo me instiga...
Os dois?
Não sei. No máximo, talvez persiga um e depois outro... A dúvida é: Qual seguir primeiro? Se é que devo seguir algum...
Bichos mágicos ou materialização infantil daquilo que outrora idealizei por felicidade?

Coisas ainda estão pendentes...
Falta tudo.
Sobra tudo.
No fim? Nada.
E o que seria esse “nada”?
Muita coisa...

AGORA

Brigadeiro
Sono
"Chega logo, sábado!"
Nada
Coming Home - John Legend

Vick


Eu só precisava de um pouco mais de tempo...


Só um pouco mais...

Um pouco.

Mais.

Tempo. Por favor, tempo.



AGORA

Coca Cola
Nem sei...
Amanhã ainda tem UFBA
Nada
9 Crimes - Damien Rice

Vick
Eu ando cansada de tudo...
Do mundo, das pessoas, do colégio, do estágio, da arrogância de alguns, da falta de respeito de outros (ou dos mesmos)...
E sou bem covarde para lidar com pontos finais.
Mas agora eu estou cansada até desse medinho ridículo.
Eu nunca soube se o receio vinha do perder ou do magoar.
Descobri, então, que, muito mais pelo medo de perder, eu já deixei passar muita coisa... Já engoli muita coisa... Me acovardei, acomodei, deixei pisar e calei muito mais do que devia e mereço.
Pois agora eu cansei.

Sem mais chances. Sem corretivo ou borracha. Salto ou amnésia opcional. Agora é dor e ponto. Resposta e ponto. Fato e ponto. Fato. Ponto. E ponto.
Pronto.
Melhor que canalizar minhas energias para coisas e pessoas que simplesmente recebem a carga e jogam fora, pelo motivo que for, resolvi canalizar essa energia em mim. E em pessoas que merecem. Em coisas, palavras, sensações, sentimentos, reações e ações que merecem.
Vou, ao menos tentar, mudar o padrão. Se eu acredito que eu não consigo, nem que seja não pensar, então eu nunca vou conseguir. Nada. Nunca. Nunca além. Nunca além do nunca no nada. E nada.
Para o bom, o bem. Para o mau, a indiferença. Para o nada, nunca mais. Para mim, tudo que sempre desperdicei com quem não merece. E os que merecem? Tudo que sempre dediquei. Com mais atenção, mais carinho, mais amor. Até porque eu também mereço. E se agora me quero bem, como sempre quis aqueles com os quais realmente me importo e que sempre valorizam isso, que eu me dê todas as chances que dei a outros que não aproveitaram. Agora a questão é de honra.
Que eu honre, então, a minha amabilidade. E caso assuma a posição errada, que me puna. Justiça há que ser feita. Cela para as almas podres e agora vistas pobres, liberdade para as almas boas. E a minha alma? Alma nova.
Corpo, carne, pele, tecido, sopro... Tudo novo. Para receber o novo. Ainda bem que não de novo. Sinal de que nunca desvalorizei o que me foi voltado.

Talvez seja mais que honra. Talvez seja mais que apenas (me) querer bem...
Eu preciso de sensações novas... Sensações que me façam descobrir o brilho das coisas, dos olhares... Eu quero entrar em lugares, sentar à mesa com outras pessoas e saber que ali não há maldade voltada a mim. Apenas pessoas. Apenas momentos. Apenas palavras.
Eu preciso de pessoas que conversem, que ouçam, que dêem risada, que chorem... Que saibam expor o espírito sem perdê-lo. Compartilhar dúvida, brilho, angústia, etc..., é dom que não tenho, mas que admiro... E agora quero por perto apenas pessoas que saibam que nem tudo que se põe para fora é apenas alguma coisa. É sempre uma coisa. Num determinado momento. E que tudo tem seu valor, tem seu peso...
Não é só saber... É saber fazer.
Quero novidades que tragam o bem estar... Mesmo que já esperadas ou velhas... Se trouxerem conforto, são válidas.

Não quero mais ver o olho de um amigo deixar de brilhar...
Não quero mais ver o meu olho sem brilho...
Não quero arrogância, estupidez, ignorância por perto... Quero coisas boas... Leves...
Ao péssimo, a indiferença. Mesmo que falsa, como essa esperança que resolvo, agora, nutrir; eu peço que seja essa a minha resposta. Que seja, também, a resposta dos que adoro àqueles que os fazem mal.

Saia da minha mente.
Saia do meu corpo.
Saia do meu olho.
Saia da minha boca.
Saia da minha alma.

Expurgo agora, e talvez através deste, as sensações, as pessoas e as situações que não me rendem mais uma boa lição sequer.
Saiam todos.

Obrigada pelos momentos, pelas lições, pelas histórias contadas, pelas memórias. E nada mais a vocês.

AGORA

Chocolate
Sede
Essa semana só vai até quarta!
Fantástico
Fake Plastic Trees - Radiohead