Vick
Cantemos os ladrões, os piratas, as crianças e os amores...
Os medos, as alegrias, os anseios, as dúvidas e as poucas certezas...

Vivamos.

Valorizemos o momento em toda a sua irrefurtável individualidade. Sejamos bandidos e piratas e mocinhos e crianças e amores e amados. Amemos.
Joguemo-nos aos nossos receios como os gladiadores eram lançados ao leões, entreguemos nossa alma com a mesma fidelidade do leiteiro de Drummond, percebamos o quão dotada de melancólico charme é a vida e sigamos lembrando de olhar, vez ou outra, para os lados para que não esqueçamos nunca da real coordenada que aponta a felicidade. O horizonte é ideal. A tal felicidade está ao lado.
No caminho.
Livre de ideais, livre de proibições, livre de limites e livre de pudores.
Àquilo que sempre desprezamos um brinde e total apreço, mesmo que por infortúnio do momento, apreciemo-no. Apreciemo-nos.

A solidão nunca é tão deserticamente solitária.
A alegria nunca é tão somente sorrisos.
O medo nunca é tão angustiante.
Nada é tão puramente reação.
Nenhuma comparação, nenhuma carência, nenhuma vontade é tão puramente verdade. Até a verdade é relativa...
Bem como o comum, o diferente, o real, o ilusório, o certo, o errado, o gostoso, o desagradável, a condição, o limite, o corpo, a alma...

Por que, então, nos apegamos com tanta força aos nossos ideais?
Será porque nosso instinto e nossa cultura são trabalhados para que aceitemos a conscientização da criação e existência desses ideais outrora idealizados?
Ou será que simplesmente preferimos acreditar em nós mesmos?
Que a nossa dor, o nosso sofrimento, a nossa angústia, a nossa verdade, a nossa alegria, absolutamente tudo em nós é tão mais miseravelmente forte...
Como não há uma implosão no mundo ante a ascenção de tantos egos inacreditavelmente fortes e bem alimentados?

O ponto de equilíbrio do "EU" não está no outro, está em mim.
A força translúcida desse "eu", talvez da alma, anula a força do meu ego. Bem como em cada outra pessoa que habita essa rede de interações...
Por isso não há implosão. O que ascende em nós é, em si próprio, descendido.
E surge o equilíbrio.
Convivemos com nossos ladrões, piratas, crianças, amores, medos, alegrias, anseios, dúvidas, certezas, verdades e mentiras.
Mesmo sabendo, no fundo, que tudo não passa de ilusão. De mentira bem esboçada e bem aceita pelos próprios criadores como verdade absoluta.

AGORA

Chokito
Frio
No meu corte de cabelo
Nada
Boa Sorte/Good Luck - Vanessa da Mata e Ben Harper

Vick
Eu tô com medo...
Vou abandonar por mais um segundo minhas idéias sobre o intuito do blog, modos de escrever e minhas restrições temáticas.
Por que eu ando tão... tão... Inconstante(?)! Tanto que admito não achar palavra melhor... Não agora.
Eu as perdi.

E estou com medo de perder, também, o controle, de me deixar levar por momentos, de perder a minha essência ou até mesmo de assistir, sentada, à queda das muralhas que tanto me protegem. E eu já nem sei de quê...
E ao mesmo tempo que não vejo a hora de me libertar delas, tenho medo... Muito medo...
Tudo está indo mais rápido do que minha imaginação consegue decodificar...
E talvez por isso não tenho conseguido traçar possibilidades... Estou me sentindo perdida... Como se não houvesse qualquer informação...
E é então que percebo o paradoxo. Me sinto perdida justamente quando pareço ter informações demais...

Sobre mim, sobre os outros, sobre tudo, mas, principalmente, sobre nada.
Estou cheia de dúvidas e sem nenhuma coragem para esmiuçá-las...
Queria colo, mas nunca tive coragem para pedir.
Então vou sentar no cantinho mais afastado do meu castelinho e esperar que essa nuvem passe.

É só medo. Passa.

Vick
Lembra-te da morte, lembra-te que és mortal.

Memento mori.


Às vezes a busca incansável e, diga-se por passagem, ininteligível pela perfeição me enoja, e ainda assim de um modo como poucas coisas o fazem.
Seja concreto ou não, em mim ou não... Náuseas sempre acompanham a minha visão, mesmo que por vezes deturparda, da perfeição.
É supervalorizar o que não tem real valor para si, é viver num mundo de buscas e falta de visão... E confesso que mentes e visões apequenadas também merecem certo destaque no ranking pessoal de coisas altamente consideráveis inúteis no ser humano.

Como antes cogitado, numa conversa totalmente à parte do blog, resolvi escrever sobre um pensamento meu. Se banal e simplesmente impossível de ser considerado ou se relevante, não depende muito mais de mim...
Observando como me comporto e vez ou outra como os outros se comportam, vi que quanto mais se admite um erro ou imperfeição, mais próximo de tal você fica.
O defeito parece crescer aos meus olhos quando alta e repetidamente trabalhado... Cansa.
Quanto mais consideramo-nos "pior dos seres", mais longe de tal feito encontramo-nos.
Assumir a condição de ser humano e não procurar simplesmente aceitá-la, mas sim entendê-la é o que nos torna especiais, diferentes. Não diria "perfeitos" porque julgo ser um conceito falho, bem como o da beleza, do inteligente, engraçado ou rude.
Talvez seja uma questão muito mais cultural, artificial, que uma consciência desenvolvida... Não pode ser próprio do ser procurar insistentemente enquadrar-se num aspecto ou num padrão sem mais, por puro luxo.
Por isso, para mim, essa coisa chata e artificial de homogeidade é altamente dubitável.

Eu gosto tanto dos momentos... Dos dignos da visão particular de perfeito, sem igual, aos mais deletáveis.
Momentos...
Momentos que são sempre tão únicos... Já me vi dizendo tal frase... Um tanto quanto óbvia hoje em dia...
É uma coisa na qual insisto...
Deixar-me levar pelo momento, pela sensação vale muito mais que qualquer busca insana por abdicar da minha carne, ossos e pensamentos por uma igualdade desigual, por um padrão inacraditavelmente inalcançável...
Prefiro lembrar-me da expressão que dá título e inicia esse post.
Memento mori.
Lembro-me, então, da morte... Lembro-me que sou mortal. Lembro-me também, talvez por consequência, de que a perfeição não está no todo da busca e sim nos detalhes dos momentos.

Erra. Peca. Assume. Esquece. Aceita. Nega. Briga. Vive.

Memento mori.

Só esclarecendo...

Eu também me pego, por diversas vezes, comportando-me com complacência em relação a esse quadro que julgo ser tão vil... Talvez por isso o veja de tal forma. Procurando, talvez, tornar-me perfeita, tento quebrar a visão de perfeição perante mim... No mínimo, paradoxal.


AGORA

Nada
Vontade de cozinhar
Nas minhas férias
Paraíso Tropical
Umbrella - Rihanna

Vick
Patas. Mãos. Carinhos. Lambidas. Sorrisos. Cachorros. Menino. Beleza. Tristeza. Rua. Miséria.

Dia desses me senti estranha, estremecida... Talvez até mesmo pasma. Com uma cena... Uma única cena.
E talvez, também, nunca me esqueça daquilo que vi... Talvez nunca esqueça daquele garotinho com aqueles cachorros... Na rua.
Ora todos cães, ora todos meninos...
Brincavam como se o mundo ao redor deles não existisse, como se as bolachas não estivessem acabando, como se tudo não passasse de um vulto.
Não importava. O vulto era vácuo.

Vácuo.

Vácuo onde sorriam.
E vácuo que se fez notar em mim.
Me senti acordar de algo que não sei bem explicar. E não sei nem se , na verdade, entendi.
E me é tão estranho perder as palavras por algo tão banal. Tão banal e tão triste... Mas que ainda assim despertou-me inúmeras sensações...
Eu vi a beleza na miséria. Vi a beleza nela como um fotógrafo que, surpreendentemente, apareceu do nada, viu o mesmo que eu, registrou a cena e sumiu como apareceu.
Será sensibilidade em demasia? Ou a falta dela que se fez sentir???
Não sei por que me preocupo com isso...
A maior preocupação deles era não perder o papelão. Papelão esse que os aqueceria mais tarde.
Meu Deus... Era tudo tão bonito... Tão natural... Tão chocante... Tão... Tão...
Não consigo explicar... Bem como não consigo conter as lágrimas até agora...

Eram tão sozinhos... E mesmo assim tão unidos...
Não sei...
Na verdade esse texto não pode ser visto "post" como os outros...
Não sei sobre o quê estou escrevendo... Só sei que tudo está confuso. Mudado e mudando.
Por agora eu só gostaria de um pouco de controle sobre as coisas, sobre meus sentimentos e impulsos... Só por agora...
Para que ninguém mais surja do nada e mude tudo. Para que minhas idéias não se abalem com tão pouco. Para que eu não chore ao ver um garoto na rua (um garoto que nem deve ter notado a minha insignificância perto do momento de alegria do qual desfrutava com seus amigos caninos...).
Controle. Só isso.

Já escrevi sobre o que me afligia, bem ou mal, ao meu modo...
Pronto. Estou um pouco menos sufocada agora.

AGORA

Nada
Vontade de respirar u.u'''
Nessa virose insuportável que peguei
Nada
If There's Any Justice - Lemar

Vick
O que mais tem me impressionado, ultimamente, é como um leve e simples sopro pode acabar com o equilíbrio de todo um sistema que, por incrível que seja, parece tender ao equilíbrio quase eterno.
Quando, inacreditavelmente, estão se desfazendo os nós e a linearidade começa a se fazer notar, algo cai sobre tal tênue linha e todos os nós, como se fizessem parte de um truque e numa explosão mágica juntamente a um rápido jogo de espelhos, se reatam.


Mas tudo estava tão certo... Tão perfeito... Tão arrumado, encaminhado e quase posto em prática…
Por que diabos, então, tudo saiu do controle? Será que a mais perfeita das ordens não é tão perfeita assim? Não. Não é. Será que o inesperado é, como a felicidade e o anseio pela liberdade, condição humana? Talvez seja...
Inexoravelmente, tudo esmaece até que se turve por completo. E não vejo mais um mísero milímetro à minha frente. Cega.

Seria apenas uma questão evolutiva, adaptativa, se não implicasse em visão futura.
Para que o ciclo permaneça vivo, se faz necessário enxergar... Mesmo que esporadicamente.
A parte ruim de enxergar é desenvolver a consciência das inúmeras possibilidades que, para nós, são desagradáveis. Enquanto permanece-se cego, o se humano tende a cogitar e, como se fosse uma consequência praticamente lógica, tonrar real as boas possibilidades. Quando volta a visão, nem sempre a melhor escolha era, de fato, a melhor. É nesse momento que nos deparamos com sentimentos como a ansiedade, o medo e uma possível solidão.
O que me atenua o desespero imediato é saber que somos todos assim e que a junção de inúmeros medos e solidões nos torna religiosamente iguais, reconfortando essa tal sensação estranha que parece não ser comum a mais ninguém, mesmo sendo.

É tão gratificante viver cada etapa como se não houvesse uma próxima que, quando estagnados na etapa atual, até a nostalgia se faz presente. Mas no momento seguinte, ela se vai e começamos a aproveitar, novamente, cada segundo vivido... Até que estagnemos e relembremos o passado... De novo...
Um vício, um ciclo. Não mais um sistema. Na verdade, nunca foi um.
A vida como sistema em equíbrio perfeito é fruto ora da total entrega ao momento, ora do total entrega à nostalgia.

AGORA

Nada
Vontade de ver algum filme
Em qual filme ver
Nada
Freak on a Leash (Acoustic) - Korn ft. Amy Lee