Vick
The Cult - Painted On My Heart

I thought you'd be out of my mind
And I'd finally found a way
To learn to live without you
I thought it was just a matter of time
Till I had a hundred reasons
Not to think about you

But it's just not so
And after all this time
I still can't let go

CHORUS:
I've still got your face
Painted on my heart
Scrawled upon my soul
Etched upon my memory, baby
And I've got your kiss
Still burning on my lips
The touch of my fingertips
This love so deep inside of me, baby

I've tried everything that I can
To get my heart to forget you
But it just can't seem to

I guess it's just no use
In every part of me
Is still a part of you

CHORUS:

I've still got your face
Painted on my heart
Painted on my heart
Painted on my heart, oh baby

Something in your eyes keeps haunting me
I'm trying to escape you
And I know there ain't no way to
To chase you from my mind

CHORUS:

I've still got your face
I've still got your face
Painted on my heart
Painted on my heart

Come on! Come on! Come on! Come on! Baby
Come on! Come on! Come on! Come on! Baby

I stil got you face...
Vick
Existe um pequeno poema, atribuído a Mário Quintana, sobre amores e borboletas.

Eis o supracitado.
“Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com uma outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela. Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente, não é a pessoa da sua vida.
Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você.
O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que elas venham até você. No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!”

Normalmente eu concordaria com esse pensamento. Na verdade, concordo. Mas gostaria de externar um pouco o que se passa na minha pobre cabecinha e que muito tem a ver com tal poema. O fato é que borboletas são ariscas. Não escolhem um belo jardim para pousar e permanecer. Elas fogem ao primeiro sinal de aproximação, mesmo que seja de um olhar de contemplação. Elas são lindas, representam amores, fases, vozes, sentimentos... Mas nada as impede de ficar. Isso é estranho. Elas podem se aproximar, mas não o fazem. Há quem passe anos sentado na varanda, esperando que uma simples borboleta pouse sobre a mais digna flor de seu jardim. Muitas chegam perto, ensaiam ficar e batem as asas o mais forte que conseguem na direção oposta.

Então eu perguntaria ao Mário... Como é possível acreditar que, apenas esperando e mantendo um belíssimo jardim, elas ainda virão? E se vierem, como saberei que hão de querer ficar?

E eu tenho mais perguntas, que não consigo responder... Mesmo que eu acredite não precisar de alguém, mas ainda assim a ame, como faço para saber se ela não quer nada comigo? Porque essa seria a condição para saber se ela é a pessoa da minha vida, não? E pior! Se descubro que, de fato, ela não é, o que eu faço da minha vida? Porque não é tão simples, como num poema, esquecer cada gota de sentimento e esperança que cultivei dentro de mim, acreditando que um dia pudesse doar parte do meu coração a uma pessoa que não quer e não merece e acreditar que todas essas coisas não tenham sido em vão.

Eu me adoro. Às vezes acordo de mau humor e com o cabelo feio, mas gosto de mim como sou. Com cada defeito e com cada virtude. Gosto das pessoas que gostam de mim... Mas não odeio quem não gosta. Nunca obriguei ninguém a permanecer um segundo ao meu lado se não fosse de seu agrado. Pode ser que eu seja estúpida, ingênua ou, simplesmente, iludida, mas eu gosto de acreditar que as coisas estão sempre boas, ou que sempre podem melhorar, ou que sempre têm algo de bom a oferecer. E eu me apaixono por quem não deveria. Mas eu não esqueço. E também não corro atrás. Eu sento e espero, com meu lindo jardim, que ele venha a mim. Eu não sou boa com perseguições. Gosto de acreditar que as coisas acontecem ao prazer da vida, ao sabor da sorte... Ou ao simples acaso. Bem como gosto de acreditar que sempre acontece algo.

O que eu queria saber, de verdade, é por que as borboletas não chegam nem ao menos perto do meu jardim... O que eu encontro sempre são abelhas, formigas, cigarras, canários...
Eu costumo ter medo de borboletas, mas acho que são tão bonitas...
Vick
Bang Bang (My Baby Shot Me Down) - Kill Bill Theme
Composição: Nancy Sinatra

I was five and he was six
We rode on horses made of sticks
He wore black and I wore white
He would always win the fight

Bang bang, he shot me down
Bang bang, I hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, my baby shot me down

Seasons came and changed the time
When I grew up, I called him mine
He would always laugh and say
"Remember when we used to play?"

Bang bang, I shot you down
Bang bang, you hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, I used to shoot you down

Music played and people said
Just for me the church bells ring

Now he's gone, I don't know why
Until this day, sometimes I cry
He didn't even say goodbye
He didn't take the time to lie

Bang bang, he shot me down
Bang bang, I hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, my baby shot me down
Vick
Cada porrada que eu levo me faz enxergar as coisas de uma maneira diferente...

E eu sempre mudo um pouco. Às vezes para pior.

Cansei de ser sempre a pessoa que faz de tudo para ver a felicidade do outro sem nunca saber como seria quando alguém fizesse isso por mim...

Agora só fica por perto quem realmente gostar. Porque eu não mudo nunca mais por ninguém, só por mim.


Só pra constar.
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Vick
Quando eu era pequena, sonhava com o dia em que surgiria o meu príncipe encantado, com uma roupa linda e alva, saído de seu reino para me encontrar e ficar comigo para todo o sempre. Não importariam as bruxas, as princesas arranjadas, os pais contra, nada... Sempre acreditei que quando todo o meu mundo parasse por causa de um olhar trocado, o dono desse olhar seria o dono do meu coração. Alguns anos e muitos ensaios depois, vejo que me enganei. Quando o tempo pára, quando não há mais ninguém por perto, quando nada mais pode desestruturar tanto o corpo, quando nada mais importa... Na maioria das vezes é só mais um momento. Se você tem alguma sorte, até consegue manter o par por mais momentos, quem sabe para sempre (mas aí seria realmente muita sorte)...

Essa não é a regra. Histórias idealizadas não foram feitas para se tornar realidade, caso contrário não seriam idealizáveis. Elas foram feitas para, no máximo, proporcionar um gostinho açucarado na vida... Para fazer você adquirir novo fôlego e resolver lutar por uma vida colorida, sorridente, cheia de possibilidades atraentes... Mas utopias consumadas têm altíssimo valor de troca... Um olho, talvez...

E sabe qual a pior parte? Tem gente, como eu, que ainda acredita que é possível tornar real uma vida a dois quase perfeita... E luta. E sente raiva, briga, chora, desiste, desiste de desistir, fica mais bonita, leva fora, fica feia, troca de par, fica mais bonita ainda, não esquece, e sente... E resolve lutar mais ainda... E acredita que um dia vai conseguir uma resposta definitiva do próprio coração. E também acredita que não vai mais sofrer depois de ouvir essa resposta...

São muitas coisas para acreditar e poucas coisas que são palpáveis... Eu não entendo como estas pessoas, que são como eu, conseguem superar tantas dificuldades por coisas que elas, provavelmente, nunca vão ter. Tamanha estupidez não deveria ser aceita na sociedade... Agimos impulsionados por idéias, por emoções, por vontades e mimos... Deveria haver uma vacina contra essas paixões platônicas... Ou elas simplesmente deveriam ser inexistentes.

Até porque hoje me vejo bem mais feliz estudando durante a semana, indo à praia com amigas no sábado pela manhã e passando o resto do final de semana vendo TV, jogando playstation, comendo pipoca, bebendo refrigerante, de pijama, no sofá... Fazendo brigadeiro no domingo para assistir Madagascar e rir de bichinhos hiperativos cantando “Eu me remexo muito! Eu me remexo muito! Mexendo muito... Mexendo muito..!”...
Seria a vida perfeita, se não fosse apenas um remédio.
Vick
Mais Uma Vez
Jota Quest

Te tenho com a certeza
De que você pode ir
Te amo com a certeza
De que irá voltar
Pra gente ser feliz
Você surgiu e juntos
Conseguimos ir mais longe

Você dividiu comigo a sua história
E me ajudou a construir a minha
Hoje mais do que nunca somos dois
A nossa liberdade é o que nos prende

Viva todo o seu mundo
Sinta toda liberdade
E quando a hora chegar, volta...
Que o nosso amor está acima das coisas...desse mundo

Vai dizer que o tempo
Não parou naquele momento
Eu espero, por você
O tempo que for
Pra ficarmos juntos
Mais uma vez!

Te tenho com a certeza
De que você pode ir,
Te amo com a certeza
De que irá voltar
Pra gente ser feliz
Você surgiu e juntos conseguimos ir mais longe
Você dividiu comigo a sua história
E me ajudou a construir a minha
Hoje mais do que nunca... somos dois

Vai dizer que o tempo
Não parou naquele momento
Eu espero por você
O tempo que for
Pra ficarmos juntos
Mais uma vez...

Não parou naquele momento
Eu espero por você
O tempo que for
Nós vamos estar juntos
Estar juntos
Mais uma vez


Vick

Amado - Vanessa Da Mata

Como pode ser gostar de alguém
E esse tal alguém não ser seu
Fico desejando nós gastando o mar
Pôr-do-sol, postal, mais ninguém

Peço tanto a Deus
Para esquecer
Mas só de pedir me lembro
Minha linda flor
Meu jasmim será
Meus melhores beijos serão seus

Sinto que você é ligado a mim
Sempre que estou indo, volto atrás
Estou entregue a ponto de estar sempre só
Esperando um sim ou nunca mais

É tanta graça lá fora passa
O tempo sem você
Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer

Sinto absoluto o dom de existir,
Não há solidão, nem pena
Nessa doação, milagres do amor
Sinto uma extensão divina

É tanta graça lá fora passa
O tempo sem você
Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer
Quero dançar com você
Dançar com você
Quero dançar com você
Dançar com você...
Vick
Há um tempo atrás eu falei sobre um tal equlíbrio universal amparado por tênues linhas, extremamente frágil e ainda assim necessário... Algo que hoje em dia, após muitos tropeços e muitos desvios certeiros, parece altamente surreal... Mas minha aparentemente louca teoria parece estar certa. O fato é que todo mundo almeja uma vida sistematizada, romantizada, com todos os possíveis problemas previamente analisados e uma gama de possibilidades-resposta sempre à mão. Como numa comédia-romântica, os cumes e vales são tão bem encaixados que nos faz invejar tamanha sintonia entre cenas tão distintas... Porém o universo equilibrado, estático, é chato. Por isso sinto a necessidade de reabrir a discussão.

Casos, acasos, escolhas, caminhos e objetivos são questões metamorfoseáveis em nossa vida. Você elabora planos que quase nunca serão seguidos, cria e adentra situações que podem ser largadas após míseros dias de aproveitamento, espera e escolhe relações complexas acreditando que sempre serão as redes mais simples de tecer e se perde em seus próprios labirintos, tem medo de um futuro praticamente inexistente, afinal de contas, existe a perturbação do meio. E chegamos, assim, ao centro secreto desse texto.

Perturbações.
do Lat. perturbare

v. tr.,
causar perturbação, agitação em;
alterar;
transtornar, fazer perder o juízo;
desnortear;
atrapalhar;
confundir;

v. refl.,
perder a serenidade de espírito;

Viver de acasos pode, sim, ser uma condição humana, mas causar acasos, com certeza, é o motor que nos faz mover. E então tratamos da vingança inconsciente. Quando o tal equilíbrio astral é tocado, modificado e perde seu sentido, há, em algum lugar no mundo, um responsável. É como um Efeito Borboleta que vai além das coisas da natureza, é a aplicação no homem pelo homem, sem dó, piedade ou, quem sabe, noção do grau de periculosidade de um simples “oi”. A partir de uma ação inicial, há o desencadeamento das principais reações necessárias. Uma onda nostálgica ou um turbilhão de novos sentimentos, não tenho meios que me facilitem esse entendimento, mas um mesmo personagem, executando as mesmas ações em tempos diferentes, pode causar diferentes efeitos na platéia, uma vez que o humor é o mestre das reações e também o mestre dos disfarces.

Eu penso em todas as vezes que lutei contra a gravidade para equilibrar todos os pontos do meu corpo e mente a fim de alcançar uma espécie de nirvana pessoal e em todas as vezes em que um ser, nem sempre aleatório, alterou completamente o sentido das coisas... Quando os cheiros e as cores não me convencem mais, há algo de estranho... E é sempre assim... De tempos em tempos (às vezes tempos maiores, às vezes menores) isso acontece comigo... Então me pergunto se eu erro sempre ou se não existe equilíbrio... Provavelmente ele não existe, mas eu vou continuar procurando moldar meus passos de acordo com os meus sonhos... E eu só peço que as coisas, um, dia, sejam tão perfeitas quanto no mundo cor de rosa dos tão falados contos de fadas... Que poderiam existir se as bruxas não fossem tão más na vida real.

Vick
Penso em todo o medo que já tive das pessoas e vejo como eu era infantil. Não que eu tenha tomado a pílula da maturidade e hoje esteja esbanjando uma sabedoria senil, muitos passos me faltam, lógico... Mas já me dou o direito de achar ridículo o comportamento alheio. Não falo de celebridades ou de algum “wannabe something” que exista pelo mundo... Me refiro aos que acreditava conhecer...

Eu tento entender como nós nos deixamos influenciar de tal maneira que afeta àqueles que nos cercam... E não consigo. Sabe quando você diz que não suporta estupidez e não responde um simples bom dia? Ou quando diz ojerizar burrice e passa a não oferecer nada que acrescente? Ou também quando brada lealdade e quebra a confiança de alguém em dois toques? Eu poderia passar dias citando exemplos muito bem conhecidos por mim e mais outros tantos dias citando exemplos que eu mesma represento, mas não é o caso. Vim aqui para falar do papel de quem influencia e até agora só passeei por devaneios sobre quem é influenciado.

Minha mãe, uma vez, me disse que tem gente que surge para somar e gente que surge apenas para subtrair. Normalmente eu procuro somar, então vamos falar mal de quem só subtrai. E trai. Porque, convenhamos, é uma imensa traição unir-se a alguém para tirar o que o outro tem de melhor sem nem ao menos ajudar a polir e assim aumentar o brilho do outro. É uma questão de quanto você está disposto a compartilhar... Se acaso alguém se perdesse num desses infinitos labirintos impostos pela vida e soubesse como chegar até a metade do caminho e você soubesse por onde ir a partir dela, você, naturalmente, se uniria ao outro para, juntos, saírem de tal mazela, certo? Talvez para mim, talvez para você... Mas para algumas pessoas, é mais fácil conquistar a confiança do outro, roubar a parte que não lhe cabe e seguir do ponto em que o outro não é mais útil. Eu fico pensando em duas coisas: na dor de quem foi usado e na esperteza burra de quem se aproveitou do bom coração alheio...

Quem é enganado, sente, sofre, chora, se desespera, mas levanta e segue... Consegue, por seus próprios méritos, sair de onde não lhe convém. Essa pessoa fará tecerá outras teias, montará outros esquemas, conhecerá novas pessoas, fará novos amigos, encontrará novos amores, sabores... Mas quem confia no parasitismo vai para onde? Nenhuma relação, entre humanos, se sustenta nesse sistema. Quem não saber somar fica sozinho, com muito, mas sem o essencial. De que adianta ter ou ser “o ou a mais” alguma coisa e não ter com quem dividir todo o prazer do resultado? Quando eu dizia que a felicidade estava no caminho, nas margens, eu não estava mentindo... Mas não se pode ficar solitário durante esse caminho... Entre companhias vazias e o vazio, eu tendo a preferir o vazio... Assim alguma alma, algum detalhe, pode preenchê-lo perfeitamente... Até que novos bons se agreguem... Até que os parasitas caiam... Até que os infortúnios não façam mais tanta diferença...

Eu sinto pena de quem se deixa influenciar por tais parasitas... Normalmente acabam tão sozinhos quanto quem lhes sugou o brilho, mas eles ainda têm uma chance... Mas eu sinto uma pena, ou desprezo, muito maior por quem não sabe influenciar, por quem isola, por quem suga sem contribuir, por quem usurpa a alma dos outros como um demônio ceifador controlado por alguém que tem medo da morte.

Vick
Versos Inscritos numa Taça Feita de um Crânio

Tradução de Castro Alves

Não, não te assustes: não fugiu o meu espírito
Vê em mim um crânio, o único que existe
Do qual, muito ao contrário de uma fronte viva,
Tudo aquilo que flui jamais é triste.

Vivi, amei, bebi, tal como tu; morri;
Que renuncie e terra aos ossos meus
Enche! Não podes injuriar-me; tem o verme
Lábios mais repugnantes do que os teus.

Onde outrora brilhou, talvez, minha razão,
Para ajudar os outros brilhe agora e;
Substituto haverá mais nobre que o vinho
Se o nosso cérebro já se perdeu?

Bebe enquanto puderes; quando tu e os teus
Já tiverdes partido, uma outra gente
Possa te redimir da terra que abraçar-te,
E festeje com o morto e a própria rima tente.

E por que não? Se as fontes geram tal tristeza
Através da existência -curto dia-,
Redimidas dos vermes e da argila
Ao menos possam ter alguma serventia.

Vick
Eu passei muito tempo sem escrever aqui... Mas foi o tempo que precisei para me reconfortar...

Nesse tempo eu passei muitas noites sem encontrar a posição ideal na cama, questionando pessoas, atitudes, pensamentos, frases, arrependimentos... Foi como se estivesse liberando espaço no meu disco rígido. E valeu a pena. Muita coisa foi jogada fora... Coisas que eu já sabia que me faziam ou viriam a me fazer mal algum dia. Incrivelmente. Eu ignorava esses impulsos e seguia de cabeça nas minhas viagens. E isso foi bom para me tornar uma pessoa melhor, maior. Mais ríspida, talvez, mas fez parte do processo.

Pensando bem, eu nunca tive e ainda não tenho do que reclamar, do que me arrepender. É uma carga muito estranha e pesada para assumir aos dezoito anos. Eu vivo e não sinto falta de nada. As minhas crises de riso, de choro, de raiva, de histeria... São todas válvulas de escape minuciosamente arquitetadas por mim, para ter do que reclamar e me arrepender. Agora parece que aprendi a conviver com esses fantasmas e surpotar minhas falhas como qualquer ser humano.

Eu perco, ganho, engano, sou enganada, aposto alto, saio de fininho quando não sei o que fazer... E se for encarar assim, sou mais ou menos como um torneio de pôquer. Só que agora comemoro as mãos altas em vez de chorar pela falta da carta que mudaria toda a minha partida. Estranho e altamente engraçado, mas é assim que acho justo. O que posso fazer? Não ligo mais para os “enormes problemas” do passado... E faço isso porque cansei dele. Não quero mesmo.

Agora estou com síndrome de Mulher Maravilha. Nenhum labirinto parece me deter. Estou objetivada a crescer, amadurecer e trazer para o meu lado aqueles que fazem por merecer o meu esforço. O resto? Já disse... É só o resto.

AGORA

All Good Things - Nelly Furtado

Vick
“Antes só que mal acompanhado.”

Até onde essa assertiva está certa? Será tão impossível conviver com outras pessoas? Será mesmo que a outra companhia é realmente ruim? Ou melhor... Por que não conviver com quem melhor conhecemos? Nós mesmos. Afinal de contas, se o outro é sempre pior, e se somos o outro de quem conhecemos, também não prestamos. É tão difícil conviver consigo mesmo que estamos sempre buscando alguém para compartilhar as escolhas e as decepções. O mais engraçado é que procuramos por pessoas que possuam uma afinidade incomum conosco. Ou por pessoas que pareçam fáceis de moldar. Quer dizer que procuramos por projeções da nossa alma para fugir da monotonia que é a nossa companhia ou simplesmente procuramos por almas vazias que possam assumir alguma projeção. Não nos agüentamos e despejamos no outro todas as expectativas que não conseguimos explicar por que recaiu sobre nós. E rimos do quão incapaz o outro foi ao não superar uma mísera expectativa. E nos cansamos de tanta incompetência. E vamos embora, porque “fulano” não vale nada.

E pode até ser que “fulano” realmente não valha três centavos, mas quem somos nós para julgar e punir? Um tipo cretino de deus que sabe exatamente o ponto fraco do opositor justamente por ter passado ao mesmo o passo-a-passo de como fracassar em determinado aspecto? Como somos espertos... E como somos idiotas por acreditar em nossa estúpida esperteza. Na verdade, cada um é reflexo de quem não atura. É inato esboçar uma reação. Estranho é não fazer isso. E não se conversa mais. Não gosto. Não quero. Me afasto. Pronto. Sou mais feliz e sagaz que qualquer outro idiota como eu. Incrível, não?!

Pensando a epígrafe e esse texto, é impossível se manter longe de uma má companhia, uma vez que nós já somos uma. É tão mais saudável, e honesto, confessar e deixar que o tempo decida o que é melhor... Mas a hipocrisia não nos permite. Hipocrisia. Uma das minhas palavras preferidas. Para mim, uma das que melhor descrevem o homem. É uma ação necessária para a convivência em sociedade. Ou vai dizer que você adora aquela pessoa que faz questão de ser “ingênua” todo o tempo? Que quebra algo que você realmente adora e diz que não faz idéia de como aconteceu... Eu respondo por você... Não... Você não adora essa pessoa, mas convive porque ainda há algum interesse nela. Quando acabar o interesse, acaba a relação. E isso vale para namorados, melhores amigos, amigos do trabalho... Basta que o outro não supere suas aspirações para que você canse dele.

A melhor solução? Além de trabalhar nosso estimado ego? Entender que algumas relações são vitais para o ser humano; enquanto honestas. E procurar admitir que já que é tão difícil lidar com frustrações quando alguém não corresponde ao que oferecia há três meses atrás, talvez a culpa não seja do outro e sim nossa, que tentamos transformar alguém naquilo que queremos que ela seja apenas para que ela não seja uma má companhia; para que seja tão agradável quanto somos. Então com que propósito perdemos tanto tempo com relações que não vão mais mudar enquanto podíamos usar parte desse tempo trabalhando as relações com quem realmente não seria má companhia porque é exatamente como nós somos e procuramos mesmo quando não sabemos o que procurar? Simples... Somos espertos demais para admitir que erramos o tempo todo. A culpa? É sempre do outro.


AGORA

Through Glass - Stone Sour

Vick
Eu adoro as pessoas. Sério mesmo... Fico imaginando como seria a minha vidinha sem elas e sem todas as reações que elas me causam. Existem as pessoas que eu adoro, as que eu odeio, as que eu desprezo... São todas lindas e maravilhosas. Mas o texto é para falar das pessoas que tentam ser as representações magníficas dos seres tristes. É mentira. Não consigo mais acreditar que alguém possa estar insatisfeito o tempo todo com absolutamente tudo na sua vidinha aparentemente medíocre e que, mesmo assim, acha tão delicioso não fazer nada para mudar. Só pode ser mentira. E, acreditem, é mesmo.

Eu, quando não estou ao menos satisfeita com alguma coisa, procuro entender o que está acontecendo, onde está o problema, quais são os prós e quais os contras em manter tal entidade na minha vida, me irrito, grito, choro, escrevo sobre o que está me afligindo, monto estratégias de guerra e roteiros de novela para sanar minhas mágoas... Mas eu dou um jeito. Eu não tenho paciência para estar o tempo todo triste, sofrendo, amargando uma derrota que nem sempre foi produto do meu fracasso... Eu quero explodir o mundo. Eu quero explodir. Eu quero fazer alguma coisa para mudar o aspecto dessa lacuna incômoda no meu roteiro. Eu mudo de personagem, de cenário, de história, de sonho, de companhias, de planos... Eu mudo de vida, se for necessário. Mas me causa ânsia de vômito gostar de estar no fundo do poço. Não é para mim.

Eu quero sair e sorrir, ficar em casa de bobeira, consumir litros de refrigerante, jogar videogame torcendo mais do que jogando o jogo em si, dormir tarde e acordar mais tarde ainda... E se houver algo no mundo incomodando como pedrinha no sapato, eu vou ao menos tentar retirar como faço com a pedra. Não quero me martirizar sem sentir a necessidade. E não consigo entender quem faz isso. Se há crime, que haja castigo. Para mim e para quem colaborou. Assumir uma falha alheia devia ser contravenção penal ou coisa assim. Chega, minha gente! Qual o prazer em sofrer o tempo todo? Até quem gosta de (sado)masoquismo tem seus momentos de prazer e felicidade.

Então alguém me explique, por favor, por que motivo estúpido alguém gosta de se sentir mal o tempo todo. Porque eu desisto. Quando a situação fica ruim, desagradável, chata, morosa, triste, eu desisto. Não tenho esse dom para sofrer e aparentar estar feliz. Eu sou hipócrita e minto, como qualquer bom ser humano, mas viver numa mentira é um pouco demais até para mim. E olha que sou ótima em me enganar com as pessoas.


AGORA

Animal I Have Become - Three Days Grace

Vick
Ainda há quem acredite em contos de fada... E ainda há quem queria fazer parte de um e por isso transforma cada gesto numa cena, numa página... E há essa princesa. Princesa porque fizeram-na acreditar em sonhos, em possibilidades, em escolhas.

Ela era feliz. Tinha uma vida feliz, uma família feliz. Sonhava, corria, cantava para os animais... Era uma criança; se em alma ou em idade, impossível saber. Sempre foi bonito vê-la caminhar sem rumo. Entre escolhas, caminhos, perdas e abandonos, ela seguia. Às vezes cercada por multidões, às vezes por poucos amigos, às vezes por animais, muitas vezes só. E num desses desvios, havia uma nova escolha a fazer. Havia três reinos. Três príncipes. Três vidas. E ela podia ver um esboço dessas vidas. Ela só tinha que escolher.

O primeiro príncipe lhe oferecia o riso como vida. Oportuno ou não. Dizia-lhe que era carinhoso e bom. O melhor entre os bons. Contava quantos já derrotara e por onde andara com seus amigos. Gabava-se de uma habilidade incomum: saber quanto poder o outro tem através de suas posses. Seus pais lhe deram os mais belos berços, mas esqueceram das prioridades. Esqueceram, também, de avisar ao jovem príncipe que encarar o mundo como fazia era um enorme equívoco e que ao seu redor tudo ficaria deserto se permanecesse com tais projetos. Via na ambição o caminho para o sucesso. Ela não concordava. Mesmo sendo obrigada a realizar uma escolha para poder seguir com sua vida, a princesa não queria somente o riso ou a falácia. Ela precisava de mais. Ela sabia que podia oferecer mais. Acabaria vazia por tentar preencher as lacunas que o principezinho deixava em branco.

E foi ao outro lado. Olhou para o outro canto e avistou outro príncipe.

O segundo príncipe lhe oferecia o sonho e a aventura como vida. Conseqüentes ou não. Contara-lhe sobre todas as campanhas que fez e por todos os reinos pelos quais passou. Mostrou um corpo esculpido pela aventura. Mostrou que os pequenos de seu reino o idolatravam. Procurou parecer sempre bom. E no fundo ela sabia que ele era. Prometeu-lhe um mundo de conquistas, viagens, mais sonhos e mais aventuras. Parecia tudo muito bonito e excitante. Mas a pequena princesa precisava, também, de bases e momentos de acolhimento. Imaginava como seria viver de paisagens e não via a felicidade, apenas lugares bonitos. Ela não queria mudar sempre. Ela não queria mais viver um pouco de cada lugar. Ela queria saber como é aproveitar cada momento do lugar em que está. Sempre lhe faltou algo. Seguir o galante príncipe seria cansativo. E esperá-lo seria arriscado. Quando estariam juntos de verdade? A única resposta que ecoava em sua mente era: “Nunca!”… E isso causava um desespero sem igual nela.

Então olhou para o príncipe à frente. Ela não havia reparado nele antes porque já o conhecia há algum tempo. Mas foi naquele momento que ela havia visto um príncipe no lugar do sempre amigo.

Ele lhe oferecia algo que nunca teve: vida como vida. Com bons momentos. Com maus momentos. Mas era a mais pura e tenra concepção de vida que ela havia ouvido dos três. Os sonhos existiriam, mas seriam transformados em realidade. Mas não seria a consumação da perfeição. Ela o conhecia. Sabia dos seus defeitos, porém amava suas qualidades. E de tudo que ouvira naquele dia, as palavras leves que o bom príncipe dizia soavam como poesia ou coisa parecida. Era bom demais para ser verdade. Mas era. Seria o momento de experimentar as frutas que sempre desejou, mas ninguém ao seu redor pôde oferecer. Parecia o momento. O passo. Ela sabia exatamente onde pisaria. Ele não entrava em contradição como o jovem príncipe ou esbanjava de um ar aventureiro extremista como o galanteador. Ele parecia um príncipe normal. E isso a atraía muito. Ela deu um passo à frente. Queria aceitar a chance. Queria mesmo. Mas teve medo.

E recuou. Deu as costas a todos eles. E deu um presente a cada um deles.
Ao primeiro, deu seu sorriso mais complacente e um conselho: que crescesse como homem antes de se tornar rei.
Ao segundo, deu seu abraço mais saudoso e, também, um conselho: que aprenda a criar raízes antes que seja tão superficial a ponto de virar pólen.
Ao terceiro, deu sua lágrima mais sentida e fez um pedido: que não perdesse o pedaço da alma que ela havia dado através de um pequeno símbolo próprio.

E voltou pela mesma estrada que a levou aos três príncipes. Tentou reparar nos pequenos detalhes que havia ignorado na primeira passagem. E então ela viu, sentado à beira da estrada, um jovem rapaz. Muito bonito, muito educado, muito gentil... Perguntou se podia se juntar a ele no que estava fazendo. Fora aceita imediatamente. Ele trazia consigo boas histórias e um instrumento para abalar os momentos de quietude. Conversaram por horas... Dias... Os outros procuravam pela princesa, mas ela permanecia ao lado do rapaz tido por incógnita. E eles dormiam e amanheciam perto. Faziam planos e suspiravam por decisões que tomaram e por decisões que deviam ter tomado. Mas algo nele a acalmava como em poucas vezes. Naqueles momentos, o resto não importava.

Os outros não saíam de seu pensamento. Procurava incansavelmente por respostas. Para ouvir e para dizer. Esperava que alguém viesse e a salvasse do turbilhão de angústias que a cercava. Rezava baixo para que o primeiro príncipe entendesse que precisava crescer, para que o segundo não perdesse sua fé nos seus sonhos e para que o terceiro não perdesse a sua alma. E esperava feliz ao lado daquele que parecia ser o único que a entendia. E ela queria estar ao lado dele mesmo que não se entendessem.

Diferentemente dos outros contos de fada, nesse não houve um final feliz.

Ainda não.

AGORA

Simple Man - Deftones

Vick
Victoria - John Mayer

Don't know why Victoria came by

Não sei por que Victoria passou por aqui
But I could see by the look in her eyes
Mas eu pude perceber pelo jeito dos seus olhos
Victoria'd been driving round the town for a while
Victoria esteve dirigindo ao redor da cidade por algum tempo
Playing with the thought of leaving
Brincando com o pensamento de ir embora

Don't know why Victoria just smiled
Não sei por que Victoria apenas sorriu
Mentioned somethig about how you were right
Mencionou algo sobre como você estava certo
Must have been hard to see through the tears she was hiding
Deve ter sido difícil ver através das lágrimas que ela estava escondendo
She said, "I might not be seeing him soon,
Ela disse, "Talvez eu não o veja tão cedo,
Got a few things I've been waiting to do."
tem algumas coisas que eu estou esperando para fazer."

Hey, Victoria came by
Ei, Victoria passou por aqui
Victoria came by tonight
Victoria passou por aqui esta noite
Hey, Victoria came by
Ei, Victoria passou por aqui
She says to say goodbye
Ele disse para dizer adeus

Looked outside at the car in the drive
Olhe lá fora para o carro na garagem
And the suitcase on the back seat inside
E a mala lá dentro no banco de trás
Sure it's so she can look out behind at the road
Certamente isso é para ela olhar para trás na estrada
She said, "I might not be seeing him soon,
Ela disse, "Talvez eu não o veja tão cedo,
Got a few things I've been waiting to do."
tem algumas coisas que eu estou esperando para fazer"

Hey, Victoria came by
Ei, Victoria passou por aqui
Victoria came by tonight
Victoria passou por aqui esta noite
Hey, Victoria came by
Ei, Victoria passou por aqui
She says to say goodbye
Ele disse para dizer adeus

Don't look down
Não fique mal
She seemed all right
Ela parecia bem
You might be asking where is Victoria tonight
Você deve estar se perguntando onde esta Victoria esta noite
Somewhere out on the highway
Em algum lugar na estrada
I'm sure that she's fine
Eu tenho certeza que ela está bem


Ouça...



AGORA

Victoria - John Mayer

Vick
É engraçado observar de fora as coisas que envolvem a sua própria vida... Como se estivéssemos num estado de quase morte, com o espírito fora do corpo, pairando pelo ambiente e tentando descobrir o que está acontecendo e por que ele não sabe de muita coisa. Um espectador da própria tragédia? Seria incrível se não fosse assustador. E mais estranho que essa falsa ficção, é tentar adivinhar se, até o presente momento, as coisas que fizemos valeram a pena, foram significativas e portaram-se de acordo com as expectativas criadas em torno da ação. Pensando nisso, cheguei à conclusão de que tentar descobrir se os benefícios por nós concedidos foram uma verdade bem posta e válida é trabalho para loucos...

O grande problema, e talvez a grande virtude, da interação entre as três bases da sociedade é a divergência de pontos de vista que há entre elas. Isso é o que move o mundo, o torna especial, evolutivo, criativo, sedento e dinâmico. Mas é também o que destrói os encantos das interações humanas. Como é possível saber se a sua verdade não é a mentira mais ácida do outro? Se a sua boa vontade não é vista como o ato da mais falsa entrega? Como saber se a ajuda é bem vinda? Impossível. As ditas mentiras polidas ajudam a fomentar a dúvida. Não seria de todo cortês empatar a ação do outro por causa de um desencontro de opiniões. É um tiro no escuro tentar fazer algo de bom para alguém baseado naquilo que você acredita, mas é um tiro declarado e certeiro barrar essa atitude. O inferno pode estar repleto de boas intenções, mas ao menos elas foram reais para alguém. E é disso que o mundo carece. Tolerância às realidades.

Bem como se por num estado de quase morte, engraçado também é tentar entender o mundo sem saber até que ponto suas convicções são unânimes, seus atos são íntegros, seus amigos são verdadeiros e seus amores são honestos. É totalmente plausível ver graça na bagunça dos pensamentos e no pavor da dúvida. Há charme, há força, há incentivo... O perigo da aventura cega e desconhecida é atrativo até mesmo para os ditos covardes. Faz parte da composição humana. Querer ir além do que o corpo unido à mente permite. A vontade de viver do próprio espírito é o que motiva o homem a fazer o mundo durar mais 24h. Se fosse só corpo e mente uma hora tudo acabaria, desmoronaria e traria mais desgraças que o imaginável. Mas há a vontade. E há também tudo aquilo que nos motiva a realizá-la ou não.

Mas até que ponto fazer ou não é, de fato, bom ou prejudicial? Dizer, mentir, enganar, omitir, gritar, abandonar, mostrar, correr, ficar... São tantas vontades que podem mudar o mundo do outro... As nossas verdades parecem tão intangíveis que nos machucam antes mesmo de serem alguma coisa para o alvo. Talvez a flecha nada seja enquanto apenas flecha, porém quando unida ao arco, apontada e lançada, o alvo passa, finalmente, a sê-lo. E é exatamente nesse momento que devemos enxergar as possibilidades. Imaginá-las antes mesmo da menção da ação é perder tempo. É deixar que a dúvida corroa aquilo que não existe. E, como ácido no estômago vazio, isso faz mal; pode até matar. E mata. De algum jeito. Alguém. Com certeza, alguma boa idéia. Ao menos para alguém.

AGORA

She Loves Me Not - Papa Roach

Vick
A gente passa a vida lamentando as coisas ruins, as conquistas que não foram conquistadas, as derrotas, as desistências, os erros, as previsões fajutas, as possibilidades que nos enganaram, o outro que é mais bonito, a nota que é mais alta, aquele que implica conosco, o cara que não dá bola, a menina que não resolve o que quer de verdade, o dinheiro que acabou, o pé torcido, nunca ter engessado nada... Só reclamações... E quantas manhãs azuladas perdemos por isso? Quantas tardes de pôr-do-sol laranja perdemos? Quantas noites estreladas deixamos passar? Quase todas elas.

Eu venho compartilhar uma coisa boa.

Eu vi.
Eu acordei numa bela manhã e vi como o dia era bonito, como as pessoas me tratavam bem, como era gostoso estar com outras pessoas e comigo também. Isso mesmo. Estar comigo. Eu não sabia que era tão divertido desfrutar do meu bom humor. Andar, correr e cair na areia da praia, fugir das algas em fúria, andar metros infinitos atrás de um picolé, fazer charme para o vento... E era uma manhã linda. A beleza dos momentos seqüenciais estava em todos os detalhes e no estranhamento da situação. Havia outros seres comigo, compartilhando da mesma beleza simples, mas era eu acima de tudo. Eu estava vendo. Como se por toda a vida fosse cega e agora, por milagre de um alguém qualquer, eu pudesse enxergar. E a beleza era ofuscante.

Eu havia visto.
E continuava apreciando o comum... Até que eu percebi como a tarde era agradável... Filme, pipoca, livro, novela, computador... Conversas e pensamentos despretensiosos, mas tão doces... E então o céu estava rosa como numa foto. E eu havia tirado essa foto, o que era mais incrível. Eu havia esquecido como era bom sentir a leveza das pequenas coisas, dos pequenos momentos... E eles estão sempre ao meu lado.

E ainda vieram as estrelas... Até nos meus sonhos elas brilhavam como nunca antes notado... E de novo o céu mostrava como era imponente. Mais que muitos. Tanto quanto o mar, talvez... Não sei bem, mas eu posso ver. E isso me basta. E me deslumbra também. Mesmo com ira e relâmpagos, continuam lindas as noites. O susto não me afasta daquilo que acho bonito. Não mais.

Eu estou me desligando das coisas que me deixavam abatida... Talvez perceber tantos detalhes no céu seja um indicador de que tenho olhado mais para cima que o costumeiro. E isso é bom. As sensações e os sentimentos vêm como se não coubessem no meu peito e dilaceram tudo por dentro. E isso é bom. É o que desejo para qualquer ser no mundo. Nunca pude imaginar que os detalhes e todas as coisas aparentemente pouco relevantes pudessem me (e)levar a um estado tão bom. Não são só as laterais. São todas as direções. Para onde for possível olhar, há que se notar a sensação de bem-estar indicativa da felicidade.

Wake Up Call - Maroon 5

Vick
Eu queria pedir desculpas a você, meu amigo... Queria que me perdoasse por nunca ter lhe dado a mão quando eu sabia que precisava... Perdoe-me por todas as vezes em que disse “não” quando não havia outra vontade mais forte que a de gritar ao mundo o seu “sim”. Houve um descuido enorme com o que significava medo e com o que significava vontade, às vezes a semelhança era tamanha que optava pela catatonia. Uma hora tudo se encaixaria. E se encaixou. Não como quis, ou como acredito que deveria ter acontecido, mas, talvez, da forma que sempre achei mais dolorosa para o mundo e para o outro porque você é meu exemplo de força e coragem. O medo foge de você, tem receio de lhe afetar, pois parece saber que você lutará tão bravamente que ele não possui, nunca, nem ao menos a chance de tentar. Além da força admirável, e por diversas vezes invejável, eu sempre tive em você um ser em quem podia confiar plenamente e sempre procurei demonstrar a reciprocidade da sensação. E eu sei que dentre meus erros e de alguma maneira torta, muitos foram os acertos e inúmeras foram as tentativas...

Eu não queria ter te perdido. Não queria perder nenhum centímetro a mais. E agora você se foi. Eu me lembro de todas as vezes em que te disse para me encarar, olhar nos meus olhos e perder o medo de falar o que estava sentindo, seguir com seus desejos sem se preocupar com as possibilidades ruins... Ainda lembro do dia em que você me contou que aprendeu comigo a enxergar o caminho por trás do objetivo... Foram tantos os detalhes que tivemos conhecimento sobre nós mesmos por todo esse tempo... E agora você se foi. Embora. Para um outro lugar. Talvez melhor. Sem dor. Sem medo. Sem sangue. Sem pessoas. Sem miséria. Nada além de você e das suas lembranças. Eu sempre quis o seu ideal de felicidade para você, mas se soubesse o que era de fato, teria impedido, teria brigado, teria dito poucas vezes “não”. Teria, teria, teria...

Teria pedido que não partisse nunca, que ficasse comigo, que não levasse consigo uma das minhas colunas, que não fosse tão longe, que desse ao mundo a oportunidade de te conhecer mais como eu, enquanto outro próximo, conheci. E mesmo conhecendo, não consigo acreditar que você escolheu partir. Deixar o mundo que o cercava por algo tão pequeno, não foi vontade sua. Vontades do acaso não deveriam ser ouvidas... Eu esqueci de te contar isso... Talvez porque sempre acreditei que era uma espécie de verdade universal. Nem sempre o acaso é a realidade. Na maioria das vezes, ele é a materialização de um pensamento disfarçado de realidade. E isso machuca. Me desculpe por não ter percebido antes.

Te peço desculpas eternas por não ter dito tudo que se passava na minha cabeça ou no meu coração. E agora só posso prometer que sentirei saudade.
Saudade de tudo. Saudade de você. Saudade dos momentos. Saudade.
E mesmo assim, brindo a tua felicidade. E isso independe de onde estiver.
Agora e sempre, para sempre. E até a nossa próxima vida.
Porque se eu te encontrar, prometo não errar mais.


AGORA

The Pieces Don't Fit Anymore - James Morrison

Vick
Parar em frente ao espelho ou a um amigo e olhar os olhos. Cachorros. Contos de fadas. Comédias românticas. Brinquedos. Picolé de brigadeiro. Ficar debaixo das cobertas sem motivo aparente. Sentar para observar o mar. Pipoca. Gloss, rímel e lápis de olho. Blush. Cheiro de roupa nova. Dormir. Dormir com o barulho de chuva na janela. Ir ao cinema em qualquer dia ou horário. Madrugadas. Horizontes.

Perfumes. Beijo. Abraço apertado. Chorar para desabafar. Falar bobagem com amigos. Desenhos animados. Texturas. Coisas de papelaria. Rosa. Rosa com branco e com preto. Laranja com azul. Revistas. Livros. Receitas. Caixas de bijuteria.

Fazer bolo. Passar o dedo na tigela com resto de massa e lamber. Tentar preparar pratos gostosos. Estourar plástico bolha. Ir pro shopping sem pressa. Música que me faz dançar. Música que me faz chorar. Música. Silêncio. Assistir TV. Chorar com cena clichê de novela. Procurar doces pela bolsa. Presentear pessoas que gosto. Livros de suspense. Assistir “À espera de um milagre” e chorar toda vez. Chocolate. Morango.

Cheiro de camarão fritando com alho e azeite. Strass. Pisca-pisca em árvore de Natal. Sorvete de chocolate com pedaços de chocolate. Sorvete de cappuccino. Praça com velhinhos conversando e jogando. Fazer do preparo do ovo frito uma aventura na cozinha. Brigadeiro de panela.

Tomar banho quente depois de um dia ruim. Ir a um bom restaurante. Brincar de stop com um monte de gente. Milkshake de ovomaltine. Café. Sapatos. Coisas fofas. Dividir o trabalho do curso em quatro partes e fazer uma por dia até a quinta.

Ler revistas sérias e depois procurar fofocas na internet. Cantar junto com a música. Meg me pedindo carinho. Fotos antigas. Ter uma grande idéia. Ter várias idéias. Cores das estações. Escolher uma cor de esmalte.

Comer bala de gelatina e fazer cara feia por causa da parte azeda. Minha mãe me fazendo carinho. Cafuné. Gibis. Céu estrelado. Pastel. Pão de queijo. Menina delicada. Enfeitar o módulo da A.I.S. Óleos e hidratantes.

Refrigerante. Filmes de terror. Ficar com medo dos filmes de terror. Lontras. Dar um abraço demorado quando alguém precisa. MSN.

Ficar falando mal das roupas das atrizes mal vestidas. Andar de mão dada. Coca-cola com gelo. Céu azul. Chiclete de menta forte. Halls de morango. Frio.

Mocinhas de comédias românticas. Os carinhas apaixonados das mesmas comédias. Batata frita. Hambúrguer. Olhar pela janela. Inglês. Ficar na frente do computador ouvindo música e fuçando no orkut.

Fondue. Velas e incensos. Fotos dos pratos nas receitas. Cachorro abanando o rabo. Escrever. Amigos que estão longe, mas que cuidam de mim como se estivessem na casa ao lado. Papéis de carta. Finais felizes.

Posso ter esquecido de muita coisa, mas essas, com certeza, ajudam a me descrever com alguma verdade.

AGORA

Mr. Brightside - The Killers

Vick
Naked - Avril Lavigne
((Nua))

I wake up in the morning

Eu acordo de manhã
Put on my face
Coloco minha máscara
The one that's gonna get me
A que vai me fazer passar
Through another day
Por outro dia
Doesn't really matter
Realmente não importa
How I feel inside
Como eu me sinto por dentro
'Cause life is like a game sometimes
Porque a vida às vezes é como um jogo

But then you came around me
Mas então você chega perto de mim
The walls just disappeared
As paredes desaparecem
Nothing to surround me
Não há nada para me cercar
And keep me from my fears
Nem me proteger dos meus medos
I'm unprotected
Eu estou desprotegida
See how I've opened up
Veja como eu me abri
Oh, you've made me trust
Oh, você me fez confiar

Because I've never felt like this before
Porque eu nunca senti nada assim antes
I'm naked
Eu estou nua
Around you
Perto de você
Does it show?
Dá pra perceber?
You see right through me
Você vê através de mim
And I can't hide
E eu não posso esconder
I'm naked
Eu estou nua
Around you
Perto de você
And it feels so right
E isso parece tão certo

I'm trying to remember
Eu estou tentando me lembrar
Why I was afraid
Por que eu tinha medo de
To be myself and let
Deixar-me e deixar
The covers fall away
As proteções caírem
I guess I never had someone like you
Eu acho que nunca tive alguém como você
To help me, to help me fit
Para me ajudar, me ajudar a me ajustar,
In my skin
Na minha pele

I never felt like this before
Eu nunca senti nada assim antes
I'm naked
Eu estou nua
Around you
Perto de você
Does it show?
Dá pra perceber?

You see right through me
Você vê através de mim
And I can't hide
E eu não posso esconder
I'm naked
Eu estou nua
Around you
Perto de você
And it feels so right
E isso parece tão certo

I'm naked
Eu estou nua
Oh oh yeah
Oh oh sim
Does it show?
Dá pra perceber?
Yeah, I'm naked
Sim, eu estou nua
Oh oh, yeah yeah
Oh oh, sim sim

I'm so naked around you
Eu estou nua ao seu redor
And I can't hide
E eu não posso esconder
You're gonna see right through, baby
Você vai ver através de mim, baby
Vick
Não consigo encontrar uma explicação plausível para o que vem me acontecendo... Eu, que sempre recriminei as possibilidades fajutas e ilusórias, as esperanças desnecessárias, os sonhos irrisórios, a mediocridade da acomodação, a insuficiência da vontade, o medo da dor, a falta de crença no brilho do olhar, a falta de coragem para levantar e encarar a pior pessoa do mundo no espelho, a covardia diante dos desejos mais incontroláveis, a falta de visão no caminho, o objetivo comum mascarado, a desvalorização do segundo como momento especial... Que sempre coloquei essas atitudes num patamar inferior... Sempre quis mostrar que não se vive assim, que há melhores escolhas a serem feitas... Estou doente, fraca. Estas foram atitudes inerentes a mim por muito tempo... Mas agora vejo que era uma farsa. Sempre foi. Pelo simples fato de que eu sou uma farsa. Ou eu realmente estou doente.

Talvez eu não exista como sempre imaginei. Com certeza, eu não tenho me sentido de verdade. Parece que tudo que preguei foram palavras bonitas às paredes esperando que fossem rebatidas e voltassem para mim de alguma forma um pouco mais penetrante. Em um dia eu pude perceber como eu me apego a possibilidades tão remotas quanto o controle que me deixa mudar o canal da televisão na sala do quarto, deitada, inerte. Como criei esperanças quando senti um toque diferente do vento no meu rosto e achei que era uma espécie de sinal divino me avisando que as coisas iriam mudar. E nunca mudaram. E eu sempre aceitei. Eu tenho tempo para os outros e para o mundo, mas esqueço de nutrir o fogo que tenta aquecer a minha alma e por isso ela vem esfriando a cada dia. Eu estava cheia de vontades insignificantes, incapaz de torná-las desejos aguçados ou somente as seguir...

As coisas que queria não foram consumadas mesmo quando todas as minhas forças haviam sido canalizadas... Agora que não se realizaram, começa a surgir a dúvida sobre a veracidade do valor que tinham... Talvez não fossem me fazer o bem que eu imaginava e esperava, e confesso que ainda imagino e espero, mas eu não consigo imaginar falta mais corrosiva que a que estou sentindo agora... É como se toda a estrutura do meu corpo estivesse fragilizada e a alma escapasse pelas pequenas grandes lacunas que se espalham por mim... E são muitas... Eu vou perdendo o fôlego e me contorcendo no chão... Como se os espasmos no peito não fossem parar enquanto não acabassem as lágrimas ou o ar. Eu quero meus sonhos de volta. Eu era feliz com eles.

Talvez eu não seja a farsa que pareço ser depois desse texto... Talvez eu só precise de um pouco da esperança que tanto repudio... Eu acreditei tanto nas coisas que disse ao outro e ao mundo que esqueci que nada é tão letal que não seja, em mesma proporção, essencial. Eu não devia ter deixado os sentidos, as sensações e os sentimentos de lado por coisas que acreditei. Por isso eu já não tenho muito. Já não tenho muito tempo para investir no normal. Os extremos tiraram de mim sopros vitais. Perdê-los, e em seqüência, não tem me feito bem... Mas vai passar. Já está passando. Provavelmente em muito menos tempo do que parece que vai durar já terá passado por completo. Vou me preparar para reorganizar o meu castelinho e seus longos muros.

AGORA

Espatódea - Nando Reis

Vick
Ah! A deliciosa sensação de derrota... Como é gostoso sentir-se incapaz e com as mãos atadas, vedadas com o pior dos nós! É tão incrível essa tendência humana ao erro e ao desespero, quiçá raiva, que chega a soar bela a destruição das vontades e desejos mais profundos dos reles telespectadores que aqui fingem habitar. As minhas personagens parecem não cansar desta sensação. Uma a uma caem e recaem sobre os pés da insatisfação; sempre insatisfeita com o estado catatônico que deixa o corpo. Os corpos. Mortos. Um a um. Sugados, escoados, turvos e perdidos. Às vezes as horas e os dias custam a passar tanto quanto custa cortar os pulsos com uma faca cega. Custam a passar tanto quanto se demora para perder sangue suficiente para desfalecer. Demora. O vermelho do sangue, e do amor, doce e fatal, dilui à medida que água perpassa à pele... Os cabelos molhados caem sobre o rosto molhado do corpo molhado e caído em algum lugar invisível, seco... Num canto escuro, atrás de algum armário de um banheiro qualquer. Qualquer um. Qualquer personagem. Sempre um qualquer que não consegue curar a dor de saber. É sempre a pior pessoa quem sabe. O eu.

O outro também é “eu”, mesmo enquanto outro partícula do mundo. E também sou eu. Nós. Tramas infinitas, retas quase sempre curvas. E o ad-infinitum inexiste. O momento traz o sabor da delícia mais desgostosa dos desprazeres prazerosos. É ele que nunca é valorizado, mas que sempre ensina como adentrar no processo de valoração. O valor só existe ao passado, ao perdido, ao nunca conquistado. A vontade não realizada que se transformou em gotas lavadas, identificáveis através de luminol, é fruto do momento impensado, não valorizado, excluído do processo de crescimento e seleção de cenas o qual apelidamos de vida. Cenas coladas não podem vir a ser vida. Não só isso. Não só elas. Não haveria real função para tanto valor a algo tão superficial, montado, verificado, previamente aprovado, dirigido, padronizado, seriado, desvirtuado. São cenas vazias e ditas importantes que você mostra aos outros e ao mundo. E são essas cenas que nos dizem absolutamente nada. Mesmo que o nada tenha seu próprio valor enquanto palavra e condição, entretanto viver acondicionado ao nada é a pior coisa do mundo. Viver de pretextos formulados e opressores não pode ser viver de verdade.

A boa notícia? Não há como não viver assim... Já é tratável como algo inerente. Será uma característica eternamente repassada, implantada e manipulada no homem pelo homem. Se tantos soubessem como poucas palavras poderiam mudar os momentos de real vida de tantos outros... Sim. Não. Só. A sós. Um ombro. Um abraço. Um até logo. Um obrigado. Algumas pequenas decisões, responsáveis ou não, poderiam mostrar ao mundo que a vida do eu e do outro, consequentemente dele, está nos cortes que não vão ao ar da sociedade. É aquilo que você faz enquanto acredita não estar sendo visto por ninguém, mas a pessoa mais maravilhosa e a pessoa mais cruel já viram. Você.
O que é certo, o que é errado... Ambos vêm da certeza da tentativa, não da dúvida corrosiva de todo o sempre. O poder da ilusão traz à tona uma força descomunal e comparável ao entardecer de um bom dia ao lado de uma boa companhia, mesmo quando não passa de um dia qualquer de solidão.

Há coisas que perdemos como quem perde a vida por uma brecha nos pulsos, por vontade inconsciente, culpa ou desejo nato... Já aquelas que nos são arrancadas através de uma perda incomum, não prevista, não cogitada... São as únicas que, de alguma forma, nos ensinam como galgar cada centímetro daquele certo pulo fabuloso. E nos ensinam a remontar os pontos quebrados nas quedas, a trazer de volta, ou fazer valer, o sangue perdido e, por fim, a deixar a marca necessária na face de quem nos virou o rosto e retirou a mão quando mais parecíamos precisar. Mesmo quando tudo não passava de um golpe. Se da vida, se nosso, se do outro, se do mundo; não sei. Sempre Golpe. E um Brinde, sempre.


AGORA

Amor Porteño - Gotan Project

Vick
É triste constatar que a Lua possui a luz natural mais bela que ignoramos... Que o pôr-do-sol é o momento mais intenso que ninguém se dá ao luxo de perceber... Que um abraço é tão vital que quase nunca damos abraços verdadeiros... Que as mãos têm linhas tão suaves e que nos dizem tanto por tão poucos centímetros de contato que encobrimo-nas por pura falta de tato. Olfato. Paladar. Audição. Visão. O ambiente, o momento, até mesmo o pensamento sempre tem uma característica sensível a nós, simples espectadores de uma falsa tragicomédia a qual nos cria a ilusão de que participamos ou interferimos em algo.

No fundo, tudo faz parte de uma estrutura tão complexa quanto o equilíbrio do deslizar de uma bolha de sabão pelo ar ou até mesmo do desespero do bater de asas de uma libélula. O que é sonho, o que é realidade, o que é vontade... É tudo sempre equacionado de alguma maneira estranha e gostosa que nos faz querer sempre mais... Nunca há satisfação. E nem deve, de fato, haver. Satisfação leva à acomodação, que, por sua miserável vez, leva à insignificância das sensações mais arrebatadoras possíveis. Perde-se o brilho do sonho pelo sonho, pela vontade de torná-lo um sonho um pouco mais real...

Seria bonito seguir com o reflexo de um raio de sol refletido nos olhos, num fim de tarde qualquer, num dia aprazível de céu rosa. Olhar pra trás e não se perguntar o porquê de estar ali, nem qual a direção do próximo passo, nem onde deixar a próxima pegada é massagear um pouco o espírito... A alma por si, por nós, por qualquer coisa que valha a pena por alguns momentos... E que depois seja seguida a trilha de migalhas deixadas... Os pombos que aqui pairam não as comeriam... São migalhas pesadas demais para serem digeridas. Elas apenas ficaram ou sobraram. Volte e sempre estarão lá. E você, de algum modo, é responsável por todo o efeito que ela causa no ambiente em que se encontra. Se visível ou não, apenas por ser existente se faz importante. De fato, aconselharia deixá-la ali... Já consumiu toda a bondade do fruto que a originou. Como nós.

Se fechássemos os olhos por um segundo, ainda sentiríamos o gosto daquela gota de chuva que perpassou por nossa face e respingou na boca num outro dia qualquer... E ainda que o céu caísse sobre os ombros do mundo, ainda sentiríamos o sabor de cada gota. Perguntar-nos-íamos, então, onde estávamos por todo esse tempo em que respingos de felicidade e realizações caíam sobre nós... Estávamos ali, assistindo. Sem interferir, como sempre. E bem como tal, sem dar valor.

Talvez seja a hora de não mais rir por ver corações em nuvens ou árvores, de acreditar que o céu está sempre um pouco acima de nós e com alguma vontade é possível toca-lo... Acreditar em nós por acreditar... E nos dar chances, desejos, mudanças... Quebrar o medo de arriscar traçar retas curvas em caminhos paralelos... Acredito que o impossível deixa de sê-lo no momento em que esses caminhos tão duros e estritamente paralelos se cruzam, no infinito do mundo. Dois metros à esquerda, três passos à frente e um beijo no rosto.


AGORA

Wiseman - James Blunt

Vick
Eu não sei bem o que mudou na minha vida com os 18 anos completos... Não sei bem quem saiu, quem entrou, quem não volta mais...
Aos olhos do mundo, a menina virou mulher... Mas será mesmo que a alma se transformou? Será que eu mudei tanto assim, como o mundo diz? Eu, o outro ou o mundo? Quem, de fato, metamorfoseou?
Não sei... Alguns dias a mais e talvez eu possa responder mais perguntas, fazer outras mais... Já aprendi a duvidar, a aceitar que não existe nada certo, que nenhuma escolha é tão definitiva quanto parece... Os medos já foram identificados, os vilões, os gigantes, os lobos e as árvores... Me falta só o discernimento e a vontade de seguir ora pela fala do corpo, ora pela fala da mente, ora pela fala do coração... Os juízos de escolha já foram, de algum modo, encaminhados. E apenas encaminhados, não imutáveis. Que fique claro.

Por enquanto, tudo parece igual. Mas em algum lugar em mim, paira a consciência de que tanta coisa já mudou... Só me resta, então, fazer alguns agradecimentos...


Agradeço, então...

A você, Anderson...
Há muito tempo conversávamos sobre o futuro e como parecia sempre tudo tender à dor... Parece que não estávamos de todo certos, mas também não erramos por completo. Perdemos e sofremos muito... Doeram, e ainda doem, muitas das nossas frustrações... A vontade de desistir parecia tão inerente que não sei como conseguia lhe dizer para seguir ou ouvir de você tais palavras... Em compensação, os momentos felizes valeram a pena... De algum modo, sempre compartilhei contigo as dores do crescimento e as lições; as dúvidas com certeza... E confesso que muitas vezes tentei pensar como acreditava que você pensaria para resolver os meus problemas...
Sempre penso, e pretendo continuar acreditando nisso, que você é meu espelho masculino... A metade da minha velha alma nova (e você sabe que além da mais nova, tem a mais pura das almas que já vi... concedo-me, então, parte desse brilho, por vezes puro, que tens) que se desprendeu por algum erro de cálculo alheio...
Tenho que lhe agradecer muitos dos meus centímetros galgados e por ser o "amor da minha vida" que nunca será meu... Muitos dos meus gigantes foram derrubados coma tua ajuda, mesmo que inconsciente.
É estranho, mas contigo, de algum modo, sei que posso contar. Obrigada.


A você, Tissy...
Das poucas coisas raras que já considerei passar por minha vida, talvez a mais rara delas seja essa amizade "além da alma" que nutrimos... É sempre um pouco mais forte e sempre um pouco mais completa... O que eu preciso, o que eu sinto, o que eu faço... Sempre acaba por desaguar em sua opinião, que é essencial. Você me poupa das dores me ensinando a bater, me ensina a ler no escuro e me mostra o caminho quando ambas parecem estar às cegas. Somos mais que amigas ou simples colegas... Somos nosso "complemento". O padre que eu não tinha, o divã, o cupido, a irmã, a mãe, a filha, a médica, a paciente, a mãe-de-santo, a cartomante, o telefone, o articulador... Minhas faltas, de algum jeito, você sempre tentou suprir...
Sendo tua madrinha aprendi a acreditar no amor do modo mais puro e sincero...
Te agradeço, minha amiga, por ter me feito lembrar que às vezes precisamos acreditar um pouco mais na vida quando perdemos um pouco mais da nossa fé.



Aos outros não citados aqui, não pensem que não existem agradecimentos a serem feitos... Eles existem e são muitos... Eu só não sei se saberia transcrevê-los.
Provavelmente não sei.
Vick
Pois é... Chegamos a um novo ano...

Há pouco tempo atrás eu acreditava que o ano novo deveria ser chamado de ano velho... Acreditava que eram sempre as mesmas esperanças, os mesmos desejos, as mesmas promessas e, por conseqüência, as mesmas frustrações que pairavam pelos 365 dias que foram consumados.
Então eu vi que não; que realmente pode haver a mudança ou ao menos as coisas não são tão exatas assim. Essas esperanças, desejos e promessas podem parecer as mesmas, mas são dotadas sempre de algum sabor especial. Estão mais maduras, mais doces; como nós. Já se faz possível perceber o encaminhar das coisas em um mês, em uma semana.

Talvez não mude nada... Talvez aquilo que nos consumiu por vários dias permaneça ou até piore... Talvez apodreçamos aos poucos por tantos dissabores... E talvez não.
Pode tudo ser diferente, mais gostoso, mais vivo... As lições, as experiências, as decepções, as conquistas... Elas nos ensinaram a ser, hoje, sempre um pouco maior que ontem... E a cada dia que se passa chegamos um centímetro mais próximo dos gigantes que nos cercam...
Não tem que ser assim... Só mágoas, decepções e dor... Não temos tempo para remoê-las. Temos algum pouco tempo para aceitá-las, digeri-las e absorvê-las. Precisamos incorporar o que nos foi ensinado por todos os meios; tudo que levamos e deixamos por nossos caminhos e escolhas, talvez trocas.

Resolvi dar uma chance ao ano que acabou de chegar.

Eu já aprendi que os erros ensinam tanto ou mais que os conselhos ao pé do ouvido... Que os reais amigos são seres essenciais e que essa relação pode ser como o mais fino dos fios, mas que com alguma atenção torna-se o mais resistente deles... E acima disso tudo, aprendi que o que parece errado pode ser a escolha mais certa que você pode vir a fazer...

No espaço das possibilidades, torná-las reais cabe apenas à nossa capacidade de decisão ou somente impulso. A partir delas traçamos nosso caminho, desembocando sempre em campos e campos de inúmeras e deliciosas possibilidades... Às vezes a análise se faz tão necessária que as margens simplesmente desaparecem, mas quando não se tem nada real a perder, as margens são as mais lindas já vistas a cada nova vez que as observamos...

Meus presentes, minhas expectativas, minhas emoções, minhas novas sensações antigas... Todos estão aqui, comigo. Prontos para reconstruir o que foi corroído, sustentar os novos acontecimentos, me ajudar a dar mais passos, crescer mais centímetros... E mais uma vez me sinto capaz de abraçar o meu mundo. E agora eu já sei como chorar, como pedir apoio, como segurar os outros, como me segurar... E já me sinto um pouco maior... Um pouco melhor... Um pouco mais capaz, com certeza.

É... Eu vou dar essa chance ao ano.

Um 2008 perfeito. A todos nós.


AGORA

Sorvete de Chocolate
Vontade de espirrar u.u
É daqui a uuuuma semana!
Video Game
Open Your Eyes - Snow Patrol