Vick
Eu queria pedir desculpas a você, meu amigo... Queria que me perdoasse por nunca ter lhe dado a mão quando eu sabia que precisava... Perdoe-me por todas as vezes em que disse “não” quando não havia outra vontade mais forte que a de gritar ao mundo o seu “sim”. Houve um descuido enorme com o que significava medo e com o que significava vontade, às vezes a semelhança era tamanha que optava pela catatonia. Uma hora tudo se encaixaria. E se encaixou. Não como quis, ou como acredito que deveria ter acontecido, mas, talvez, da forma que sempre achei mais dolorosa para o mundo e para o outro porque você é meu exemplo de força e coragem. O medo foge de você, tem receio de lhe afetar, pois parece saber que você lutará tão bravamente que ele não possui, nunca, nem ao menos a chance de tentar. Além da força admirável, e por diversas vezes invejável, eu sempre tive em você um ser em quem podia confiar plenamente e sempre procurei demonstrar a reciprocidade da sensação. E eu sei que dentre meus erros e de alguma maneira torta, muitos foram os acertos e inúmeras foram as tentativas...

Eu não queria ter te perdido. Não queria perder nenhum centímetro a mais. E agora você se foi. Eu me lembro de todas as vezes em que te disse para me encarar, olhar nos meus olhos e perder o medo de falar o que estava sentindo, seguir com seus desejos sem se preocupar com as possibilidades ruins... Ainda lembro do dia em que você me contou que aprendeu comigo a enxergar o caminho por trás do objetivo... Foram tantos os detalhes que tivemos conhecimento sobre nós mesmos por todo esse tempo... E agora você se foi. Embora. Para um outro lugar. Talvez melhor. Sem dor. Sem medo. Sem sangue. Sem pessoas. Sem miséria. Nada além de você e das suas lembranças. Eu sempre quis o seu ideal de felicidade para você, mas se soubesse o que era de fato, teria impedido, teria brigado, teria dito poucas vezes “não”. Teria, teria, teria...

Teria pedido que não partisse nunca, que ficasse comigo, que não levasse consigo uma das minhas colunas, que não fosse tão longe, que desse ao mundo a oportunidade de te conhecer mais como eu, enquanto outro próximo, conheci. E mesmo conhecendo, não consigo acreditar que você escolheu partir. Deixar o mundo que o cercava por algo tão pequeno, não foi vontade sua. Vontades do acaso não deveriam ser ouvidas... Eu esqueci de te contar isso... Talvez porque sempre acreditei que era uma espécie de verdade universal. Nem sempre o acaso é a realidade. Na maioria das vezes, ele é a materialização de um pensamento disfarçado de realidade. E isso machuca. Me desculpe por não ter percebido antes.

Te peço desculpas eternas por não ter dito tudo que se passava na minha cabeça ou no meu coração. E agora só posso prometer que sentirei saudade.
Saudade de tudo. Saudade de você. Saudade dos momentos. Saudade.
E mesmo assim, brindo a tua felicidade. E isso independe de onde estiver.
Agora e sempre, para sempre. E até a nossa próxima vida.
Porque se eu te encontrar, prometo não errar mais.


AGORA

The Pieces Don't Fit Anymore - James Morrison