Vick

Amado - Vanessa Da Mata

Como pode ser gostar de alguém
E esse tal alguém não ser seu
Fico desejando nós gastando o mar
Pôr-do-sol, postal, mais ninguém

Peço tanto a Deus
Para esquecer
Mas só de pedir me lembro
Minha linda flor
Meu jasmim será
Meus melhores beijos serão seus

Sinto que você é ligado a mim
Sempre que estou indo, volto atrás
Estou entregue a ponto de estar sempre só
Esperando um sim ou nunca mais

É tanta graça lá fora passa
O tempo sem você
Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer

Sinto absoluto o dom de existir,
Não há solidão, nem pena
Nessa doação, milagres do amor
Sinto uma extensão divina

É tanta graça lá fora passa
O tempo sem você
Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer
Quero dançar com você
Dançar com você
Quero dançar com você
Dançar com você...
Vick
Há um tempo atrás eu falei sobre um tal equlíbrio universal amparado por tênues linhas, extremamente frágil e ainda assim necessário... Algo que hoje em dia, após muitos tropeços e muitos desvios certeiros, parece altamente surreal... Mas minha aparentemente louca teoria parece estar certa. O fato é que todo mundo almeja uma vida sistematizada, romantizada, com todos os possíveis problemas previamente analisados e uma gama de possibilidades-resposta sempre à mão. Como numa comédia-romântica, os cumes e vales são tão bem encaixados que nos faz invejar tamanha sintonia entre cenas tão distintas... Porém o universo equilibrado, estático, é chato. Por isso sinto a necessidade de reabrir a discussão.

Casos, acasos, escolhas, caminhos e objetivos são questões metamorfoseáveis em nossa vida. Você elabora planos que quase nunca serão seguidos, cria e adentra situações que podem ser largadas após míseros dias de aproveitamento, espera e escolhe relações complexas acreditando que sempre serão as redes mais simples de tecer e se perde em seus próprios labirintos, tem medo de um futuro praticamente inexistente, afinal de contas, existe a perturbação do meio. E chegamos, assim, ao centro secreto desse texto.

Perturbações.
do Lat. perturbare

v. tr.,
causar perturbação, agitação em;
alterar;
transtornar, fazer perder o juízo;
desnortear;
atrapalhar;
confundir;

v. refl.,
perder a serenidade de espírito;

Viver de acasos pode, sim, ser uma condição humana, mas causar acasos, com certeza, é o motor que nos faz mover. E então tratamos da vingança inconsciente. Quando o tal equilíbrio astral é tocado, modificado e perde seu sentido, há, em algum lugar no mundo, um responsável. É como um Efeito Borboleta que vai além das coisas da natureza, é a aplicação no homem pelo homem, sem dó, piedade ou, quem sabe, noção do grau de periculosidade de um simples “oi”. A partir de uma ação inicial, há o desencadeamento das principais reações necessárias. Uma onda nostálgica ou um turbilhão de novos sentimentos, não tenho meios que me facilitem esse entendimento, mas um mesmo personagem, executando as mesmas ações em tempos diferentes, pode causar diferentes efeitos na platéia, uma vez que o humor é o mestre das reações e também o mestre dos disfarces.

Eu penso em todas as vezes que lutei contra a gravidade para equilibrar todos os pontos do meu corpo e mente a fim de alcançar uma espécie de nirvana pessoal e em todas as vezes em que um ser, nem sempre aleatório, alterou completamente o sentido das coisas... Quando os cheiros e as cores não me convencem mais, há algo de estranho... E é sempre assim... De tempos em tempos (às vezes tempos maiores, às vezes menores) isso acontece comigo... Então me pergunto se eu erro sempre ou se não existe equilíbrio... Provavelmente ele não existe, mas eu vou continuar procurando moldar meus passos de acordo com os meus sonhos... E eu só peço que as coisas, um, dia, sejam tão perfeitas quanto no mundo cor de rosa dos tão falados contos de fadas... Que poderiam existir se as bruxas não fossem tão más na vida real.