Vick
É engraçado observar de fora as coisas que envolvem a sua própria vida... Como se estivéssemos num estado de quase morte, com o espírito fora do corpo, pairando pelo ambiente e tentando descobrir o que está acontecendo e por que ele não sabe de muita coisa. Um espectador da própria tragédia? Seria incrível se não fosse assustador. E mais estranho que essa falsa ficção, é tentar adivinhar se, até o presente momento, as coisas que fizemos valeram a pena, foram significativas e portaram-se de acordo com as expectativas criadas em torno da ação. Pensando nisso, cheguei à conclusão de que tentar descobrir se os benefícios por nós concedidos foram uma verdade bem posta e válida é trabalho para loucos...

O grande problema, e talvez a grande virtude, da interação entre as três bases da sociedade é a divergência de pontos de vista que há entre elas. Isso é o que move o mundo, o torna especial, evolutivo, criativo, sedento e dinâmico. Mas é também o que destrói os encantos das interações humanas. Como é possível saber se a sua verdade não é a mentira mais ácida do outro? Se a sua boa vontade não é vista como o ato da mais falsa entrega? Como saber se a ajuda é bem vinda? Impossível. As ditas mentiras polidas ajudam a fomentar a dúvida. Não seria de todo cortês empatar a ação do outro por causa de um desencontro de opiniões. É um tiro no escuro tentar fazer algo de bom para alguém baseado naquilo que você acredita, mas é um tiro declarado e certeiro barrar essa atitude. O inferno pode estar repleto de boas intenções, mas ao menos elas foram reais para alguém. E é disso que o mundo carece. Tolerância às realidades.

Bem como se por num estado de quase morte, engraçado também é tentar entender o mundo sem saber até que ponto suas convicções são unânimes, seus atos são íntegros, seus amigos são verdadeiros e seus amores são honestos. É totalmente plausível ver graça na bagunça dos pensamentos e no pavor da dúvida. Há charme, há força, há incentivo... O perigo da aventura cega e desconhecida é atrativo até mesmo para os ditos covardes. Faz parte da composição humana. Querer ir além do que o corpo unido à mente permite. A vontade de viver do próprio espírito é o que motiva o homem a fazer o mundo durar mais 24h. Se fosse só corpo e mente uma hora tudo acabaria, desmoronaria e traria mais desgraças que o imaginável. Mas há a vontade. E há também tudo aquilo que nos motiva a realizá-la ou não.

Mas até que ponto fazer ou não é, de fato, bom ou prejudicial? Dizer, mentir, enganar, omitir, gritar, abandonar, mostrar, correr, ficar... São tantas vontades que podem mudar o mundo do outro... As nossas verdades parecem tão intangíveis que nos machucam antes mesmo de serem alguma coisa para o alvo. Talvez a flecha nada seja enquanto apenas flecha, porém quando unida ao arco, apontada e lançada, o alvo passa, finalmente, a sê-lo. E é exatamente nesse momento que devemos enxergar as possibilidades. Imaginá-las antes mesmo da menção da ação é perder tempo. É deixar que a dúvida corroa aquilo que não existe. E, como ácido no estômago vazio, isso faz mal; pode até matar. E mata. De algum jeito. Alguém. Com certeza, alguma boa idéia. Ao menos para alguém.

AGORA

She Loves Me Not - Papa Roach

2 Responses
  1. Anônimo Says:

    Você deve ser uma pessoa que precisa achar o significado da vida. É sério. Entenda isso como uma crítica construtiva. Cuidado pra você não ser o alvo do sistema, tornando-se assim mais um robô da futilidade.

    AnônimodOBem.


    { "Descobri" seu blog e achei bom colocar este comentário. }


  2. Vick Says:

    Oi, Anônimo do Bem...

    É... Eu sei que preciso... E eu até tento encontrar a resposta, mas às vezes as escolhas que faço não me levam a lugar algum... E por isso a sensação de impotência de alguns posts...
    Acredito que já descobri por onde achar a felicidade, mas parece que essa informação não me leva a lugar algum.

    E além desse robô, o que seria ser o "alvo do sistema"?
    Porque acho que sou bem menos futil do que aparento...

    Valeu pela dica... Volte sempre... ^^
    E comente quando achar que vale... Como fez! ;)

    Um beijinho