Vick
Sabe..!? A tal garotinha dos olhos de mel tinha tudo pra se arrepender, para fugir e tentar refazer sua vida, reconstruir seu coração cansado de trocas desvantajosas, de toda a dúvida que a corroía... Tinha tudo para desistir. E desistiu. Do amor, da crença, das fadigas, das mazelas, dos temores... Desistiu de tudo. E só lhe restou o vazio. As paredes brancas que a cercavam em seu castelinho, por várias vezes de areia, estavam brancas demais... Suas mãos, frias demais... Seus pés, tronco, ombros, costas, doloridos demais... Os cômodos lhe pareciam extremamente incômodos... As músicas que ouvia não eram mais as mesmas... As roupas que vestia também não mais eram as mesmas... Era tudo novo. E estranho. E ela se sentia, agora, estranhamente normal. Nova. Porém normal. Sem maiores sensações. Sem maiores medos. Sem maiores aventuras. Sem maiores amores. Sem maiores significados. Não. Ela não havia morrido. Estava em hiatus.

Pausa.

E qual motivo a faria suspirar novamente? Ar novo. Fôlego novo. Vida nova. Amor novo? Todos clichês.
As alvas paredes já não o eram de tal forma... Agora havia cor. Algo entre o branco e o negro. Todas as cores. Nenhuma cor. Inércia. Movimento. Vida. Morte não mais.
Declarada guerra à mesmice e à acomodação, preparem-se todos. A franja não lhe cobre tanto mais os olhos. As maçãs rosadas por maquiagem não mais ficariam inchadas por exaustão dos olhos... Não mais haveria sangue em seu mel. Seus olhos de mel, agora seriam só brilho e doce.

Mas por que acreditar nesse tal doce que ainda resta em algum lugar do mundo? Porque as cores das paredes que a cercavam não mais a cegavam... Agora a mistura de tudo e todos naquilo que mais lhe pareciam o nada fomentava idéias, desejos, aspirações, fúrias, virtudes, pecados... Tudo! E de novo, do nada. Ah! o nada... Quão belo pode ser o branco quando se consegue notar as sete cores que o fazem branco?
Não tão belo quanto cada uma das sete. Girem, misturem, sonhem, dancem, beijem-se! E surge o branco de novo.

Ela quer. Ela o quer. E quer também o branco do cavalo dele, que há pouco avistou através da janela que nunca antes tinha notado.
É tudo tão estonteante que ela não sabe mais por onde (re)começar...
Ela apenas quer. Muito. E agora, de nova alma e igual vontade, ela irá lutar. Algo que, há certo tempo havia decidido não mais o fazer. Ela não quer mais se deixar acomodar. E, como antes, ela vai conseguir seguir e concluir.
Ela sente, chora, grita, pede, cede, ouve não, diz não, briga, se recolhe, recolhe os cacos, mas ao final ela sempre metamorfoseia. Talvez não só fisicamente. Mas ela sabe que sempre haverá uma nova sala, com novas paredes brancas prontas para uma nova onda de sentimentos não tão novos.

Ela cansou do esporádico.
Agora ela quer para sempre.
Mesmo que para isso ela perdesse algo da noção do real valor das coisas.

Será que "para sempre" é tempo demais???

AGORA

Misto quente
Saudade. Muita saudade
"Chega logo, dia 20!"
Nada
What Hurts The Most - Rascal Flatts

1 Response
  1. Ooi!

    Pra quem será jornalista, nada melhor que um espaço para expressar, por meio de palavras, (apenas palavras?) o que se sente, pensa, quer, ou até não quer.
    Que os bons planos se realizem, e que sua felicidade (lá vem o clichê) seja eterna enquanto dure, e que dure para sempre.

    Meu Beijo,
    Bianca Barreto.